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quinta-feira, 23 de julho de 2015

OS COLONOS ALEMÃES TINHAM SÉRIOS PROBLEMAS PARA SE ENTENDER COM O PRIMEIRO VIGÁRIO DE PETRÓPOLIS POR CAUSA DA LÍNGUA





Em 20.5.1846, foi criada a freguesia de Petrópolis, com a invocação de São Pedro de Alcântara, sendo designado seu primeiro vigário o cônego Luís Gonçalves Dias Correia. O problema da língua entre os católicos alemães, para se entenderem com o vigário era deveras sério. Isto deu lugar a enganos, como a intrigas das quais o major Köeler seria vítima, necessitando defender-se ... como o fez em extensa carta dirigida ao vice-presidente da província, Dr. Luís Pedreira do Couto Ferraz ... (onde) fala da existência de 6 escolas, sendo que 4 professores pertenciam ao rito evangélico e 2 ao católico romano, para usar suas próprias expressões. De pronto afirma Köeler que proibiu nas aulas comuns ensinos religiosos, para os quais reservou as 4ªs. e sábados, para os católicos nas escolas de mestres católicos e para os protestantes nas escolas de mestres protestantes ... Continuando, declarou jamais ter intervido em casamentos, quer católicos, evangélicos ou misto, como diretor ou empregado do governo. Insistiu que se limitava a solicitar a vinda, por encomenda direta, de dois curas alemães, um católico e um protestante “para conservar e aumentar a boa moral e religiosidade dos colonos e conduzi-los assim seguramente à prosperidade”.
A propósito do vigário cônego Luís Gonçalves Dias Correia, deu o seguinte depoimento: “pessoa de notórias virtudes e dotado de uma bondade e de um desinteresse raros, vive perto de Petrópolis, a uma légua de distância. Sou amigo deste prelado há muitos anos e ele nunca se negou a exercer suas funções eclesiásticas a pedido meu, privado, ou dos colonos nesta colônia; ou em sua casa para com os colonos católicos. Muitas vezes, ao menos de 15 em 15 dias, ele tem vindo dizer missa em Petrópolis, batizar, casar e, por duas vezes, crismar. É, pois, falso e calunioso o boato que alguém, de propósito, tem espalhado do abandono dos católicos em Petrópolis” ...
O major Julio Frederico Köeler, aliás, se preocupava muito com a integração do colono alemão na nova pátria. Ele próprio se naturalizara brasileiro. E de tal maneira se impregnara do espírito de brasilidade, que chegava a censurar pessoalmente toda a correspondência particular para a Europa ...
Estes, os alemães católicos, eram estimados em dois terços da colônia germânica ...
Voltemos um pouco para trás na história e vejamos como repercutiram na administração provincial os apelos de Köeler pela vinda de um cura alemão para os colonos. A 13 de outubro de 1846, Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, então presidente da província, escrevendo a Paulo Barbosa, naquela oportunidade em Paris, solicitava seus ofícios no sentido de ser “engajado em Baden, ou em algum outro estado da Alemanha, um padre da religião protestante ... dotado de qualidades morais e de um espírito dócil e conciliador ...”. Em 12 de novembro do mesmo ano, o mesmo presidente da província pedia a Paulo Barbosa, “em aditamento ao ofício que tive a honra de dirigir a V. Excia, em data de 13 de outubro de 1846 ..., vou rogar a V. Excia. se digne engajar um cura católico para a Freguesia de São Pedro de Alcântara ...”
Em consequência dessa segunda carta, foi contratado o padre Francisco Antônio Weber, da diocese de Strasburgo, na data de 27 de maio de 1847, que veio exercer a sua missão ao lado do primeiro vigário, cônego Luís Correia ... O padre Weber se obrigava a celebrar a missa e pregar em todos os domingos e dias de festas, de acordo com as exigências canônicas. Quando dominicais, as missas seriam aplicadas nas intenções dos paroquianos. Em cada ano, entretanto, quatro outras ficariam reservadas a intensões particulares: pelo Santo Padre, pela prosperidade do imperador e da família imperial; pela prosperidade da província e da colônia de Petrópolis; e, finalmente, pela propagação do evangelho entre os infiéis ...



(acervo de Gabriel Kopke Fróes)

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