Em 20.5.1846, foi criada a freguesia de Petrópolis, com a invocação de São Pedro de Alcântara, sendo designado seu primeiro vigário o cônego Luís Gonçalves Dias Correia. O problema da língua entre os católicos alemães, para se entenderem com o vigário era deveras sério. Isto deu lugar a enganos, como a intrigas das quais o major Köeler seria vítima, necessitando defender-se ... como o fez em extensa carta dirigida ao vice-presidente da província, Dr. Luís Pedreira do Couto Ferraz ... (onde) fala da existência de 6 escolas, sendo que 4 professores pertenciam ao rito evangélico e 2 ao católico romano, para usar suas próprias expressões. De pronto afirma Köeler que proibiu nas aulas comuns ensinos religiosos, para os quais reservou as 4ªs. e sábados, para os católicos nas escolas de mestres católicos e para os protestantes nas escolas de mestres protestantes ... Continuando, declarou jamais ter intervido em casamentos, quer católicos, evangélicos ou misto, como diretor ou empregado do governo. Insistiu que se limitava a solicitar a vinda, por encomenda direta, de dois curas alemães, um católico e um protestante “para conservar e aumentar a boa moral e religiosidade dos colonos e conduzi-los assim seguramente à prosperidade”.
A propósito do vigário cônego
Luís Gonçalves Dias Correia, deu o seguinte depoimento: “pessoa de notórias
virtudes e dotado de uma bondade e de um desinteresse raros, vive perto de
Petrópolis, a uma légua de distância. Sou amigo deste prelado há muitos anos e ele
nunca se negou a exercer suas funções eclesiásticas a pedido meu, privado, ou
dos colonos nesta colônia; ou em sua casa para com os colonos católicos. Muitas
vezes, ao menos de 15 em 15 dias, ele tem vindo dizer missa em Petrópolis,
batizar, casar e, por duas vezes, crismar. É, pois, falso e calunioso o boato
que alguém, de propósito, tem espalhado do abandono dos católicos em
Petrópolis” ...
O major Julio Frederico Köeler,
aliás, se preocupava muito com a integração do colono alemão na nova pátria. Ele
próprio se naturalizara brasileiro. E de tal maneira se impregnara do espírito
de brasilidade, que chegava a censurar pessoalmente toda a correspondência
particular para a Europa ...
Estes, os alemães católicos, eram
estimados em dois terços da colônia germânica ...
Voltemos um pouco para trás na
história e vejamos como repercutiram na administração provincial os apelos de Köeler
pela vinda de um cura alemão para os colonos. A 13 de outubro de 1846,
Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, então presidente da província,
escrevendo a Paulo Barbosa, naquela oportunidade em Paris, solicitava seus
ofícios no sentido de ser “engajado em Baden, ou em algum outro estado da
Alemanha, um padre da religião protestante ... dotado de qualidades morais e de
um espírito dócil e conciliador ...”. Em 12 de novembro do mesmo ano, o mesmo
presidente da província pedia a Paulo Barbosa, “em aditamento ao ofício que
tive a honra de dirigir a V. Excia, em data de 13 de outubro de 1846 ..., vou
rogar a V. Excia. se digne engajar um cura católico para a Freguesia de São
Pedro de Alcântara ...”
Em consequência dessa segunda
carta, foi contratado o padre Francisco Antônio Weber, da diocese de
Strasburgo, na data de 27 de maio de 1847, que veio exercer a sua missão ao
lado do primeiro vigário, cônego Luís Correia ... O padre Weber se obrigava a
celebrar a missa e pregar em todos os domingos e dias de festas, de acordo com
as exigências canônicas. Quando dominicais, as missas seriam aplicadas nas
intenções dos paroquianos. Em cada ano, entretanto, quatro outras ficariam
reservadas a intensões particulares: pelo Santo Padre, pela prosperidade do
imperador e da família imperial; pela prosperidade da província e da colônia de
Petrópolis; e, finalmente, pela propagação do evangelho entre os infiéis ... “
(acervo de Gabriel Kopke Fróes)
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